O vocalista Dary Jr da banda Terminal Guadalupe conversou conosco por email.
foto: Eduado Baggio
Surgida nos ,não tão distantes mas já longinhos, primeiros anos do sec XXI a banda Terminal Guadalupe tinha - e ainda há de ter- uma missão bem complicada: crescer e aparecer no cenário nacional por entre a enxurrada de bandas que pingam sobre nossas cabeças todos os dias. Com o mercado fonográfico em mudança, ou plena falência, a concepção de um trabalho sério, mais profissional virou uma incógnita até hoje não resolvida. O que vale dizer é as coisas precisavam e ainda precisam ser diferentes.
Resumindo o exercício de hermenêutica. Os caras foram, e estão, atrás de novos conceitos, claro sem esquecer o principal a música. Principalmente em um estado como o Paraná ,de onde tem surgidos belos achados do rock nacional, alcançar destaque sem qualidade é praticamente impossível (convenhamos que há um tempo atrás, a coisa não era bem assim com dinheirinho no bolso se fazia, ou comprava, um belo posto de grande banda).
Chegaram até minhas mãos, eita mundão sem porteira, alguns materiais dos caras. Pra exemplificar: um demo com arte em tamanho de LP, elepe é o disco de vinil tá pra você que é gurizinho novo e não sabe qual é; já o próximo material veio em um pen drive e estão lançando material novo em SMD (semi metalic disc) um tipo de cd alternativo com menor área gravada e consequentemente mais barato. Ou seja, como já falei os caras estão correndo atrás do diferencial, e das saídas pra fazer do mercado independente algo rentável, criativo e mais importante profissional.
Depois dessa ladainha toda vamos ao que interessa no momento: o Dary Jr. vocalista da Terminal Guadalupe trocou uma idéia por email comigo e a coisa toda segue aí. Mais informações sobre a banda aquela coisa toda no site dos caras, my space e coisa tal, até porque já enchi o saco de ficar escrevendo. Deixa de ser preguisoço e vai atrás da informação você também, uma nova atitude do mercado, dos músicos e produtores culturais precisa ser passar por uma nova atitude do público.
Corja.Net:Há quem acredite que a cidade de Porto Alegre favoreça o surgimento e o aprofundamento em uma carreira musical. Neguinho chega aqui e diz "nossa quantos bares, quantas bandas" , mas as coisas não são bem assim. Daqui olhamos pro Paraná e vemos bandas bacanas, correndo e conseguindo mostrar um bom trabalho pro Brasil. É verdadeira a impressão de que está se formando uma "cena" (eita! palavrinha batida) no estado?
Dary Terminal Guadalupe: Na verdade, o que temos são várias "cenas" que coexistem. Talvez seja a grande distinção da música produzida em Curitiba: ela é rica e diversa.
Não temos um gênero hegemônico. Eu poderia citar dezenas de bandas com sons e estéticas bem peculiares, como Anacrônica, Sabonetes, ruído/mm e No Milk Today. Agora, não há um esforço conjunto, pelo menos na área do pop-rock. Eu consigo identificar mais unidade de ação e propósito nas bandas de hardcore e psychobilly. Nossa modesta contribuição é o projeto Terminal Guadalupe apresenta, em que trazemos uma banda de fora com trabalho consistente (Violins e Macaco Bong já vieram, Cabaret e Los Porongas estão a caminho) e colocamos uma banda nova daqui para abrir. Aí, nós fechamos a noite para segurar o público e fazer com que ele conheça esses grupos. É uma iniciativa de formação de platéia mesmo, com apoio do Jokers Pub Cafe, a casa que abriga os shows. A parceria tem possibilitado oferecer às bandas o que muitas vezes não conseguimos em outras cidades: ajuda de custo decente, hospedagem, alimentação e traslado.
Corja: "Vou formar uma banda, e o trampo vai ser sério. Vou comprar uma guitarra e um amplificador e vamubora." Isso já não funciona tão bem como outrora, o que mais nêgo precisa hoje pra encarar a música a sério (além de um computador conectado) ?
Dary TG:Isso depende do que se quer. É preciso estar preparado para sacrifícios, para disputa de egos, condições precárias de estúdios de ensaio e casas de shows, pelo menos enquanto você está no começo. A disposição é fundamental. Não vai ser fácil, não vai ser mesmo. Ter bons músicos e grandes canções não é suficiente. Sem entender de comunicação,sem saber como usar a internet, esqueça.
Cor Já: Sem sair se atirando em tudo que aparece de novidade ( ou se atirando também) como se produzir/divulgar sem dispersar esforços, saúde e tempo?
Resumindo o exercício de hermenêutica. Os caras foram, e estão, atrás de novos conceitos, claro sem esquecer o principal a música. Principalmente em um estado como o Paraná ,de onde tem surgidos belos achados do rock nacional, alcançar destaque sem qualidade é praticamente impossível (convenhamos que há um tempo atrás, a coisa não era bem assim com dinheirinho no bolso se fazia, ou comprava, um belo posto de grande banda).
Chegaram até minhas mãos, eita mundão sem porteira, alguns materiais dos caras. Pra exemplificar: um demo com arte em tamanho de LP, elepe é o disco de vinil tá pra você que é gurizinho novo e não sabe qual é; já o próximo material veio em um pen drive e estão lançando material novo em SMD (semi metalic disc) um tipo de cd alternativo com menor área gravada e consequentemente mais barato. Ou seja, como já falei os caras estão correndo atrás do diferencial, e das saídas pra fazer do mercado independente algo rentável, criativo e mais importante profissional.
Depois dessa ladainha toda vamos ao que interessa no momento: o Dary Jr. vocalista da Terminal Guadalupe trocou uma idéia por email comigo e a coisa toda segue aí. Mais informações sobre a banda aquela coisa toda no site dos caras, my space e coisa tal, até porque já enchi o saco de ficar escrevendo. Deixa de ser preguisoço e vai atrás da informação você também, uma nova atitude do mercado, dos músicos e produtores culturais precisa ser passar por uma nova atitude do público.
Corja.Net:Há quem acredite que a cidade de Porto Alegre favoreça o surgimento e o aprofundamento em uma carreira musical. Neguinho chega aqui e diz "nossa quantos bares, quantas bandas" , mas as coisas não são bem assim. Daqui olhamos pro Paraná e vemos bandas bacanas, correndo e conseguindo mostrar um bom trabalho pro Brasil. É verdadeira a impressão de que está se formando uma "cena" (eita! palavrinha batida) no estado?
Dary Terminal Guadalupe: Na verdade, o que temos são várias "cenas" que coexistem. Talvez seja a grande distinção da música produzida em Curitiba: ela é rica e diversa.
Não temos um gênero hegemônico. Eu poderia citar dezenas de bandas com sons e estéticas bem peculiares, como Anacrônica, Sabonetes, ruído/mm e No Milk Today. Agora, não há um esforço conjunto, pelo menos na área do pop-rock. Eu consigo identificar mais unidade de ação e propósito nas bandas de hardcore e psychobilly. Nossa modesta contribuição é o projeto Terminal Guadalupe apresenta, em que trazemos uma banda de fora com trabalho consistente (Violins e Macaco Bong já vieram, Cabaret e Los Porongas estão a caminho) e colocamos uma banda nova daqui para abrir. Aí, nós fechamos a noite para segurar o público e fazer com que ele conheça esses grupos. É uma iniciativa de formação de platéia mesmo, com apoio do Jokers Pub Cafe, a casa que abriga os shows. A parceria tem possibilitado oferecer às bandas o que muitas vezes não conseguimos em outras cidades: ajuda de custo decente, hospedagem, alimentação e traslado.
Corja: "Vou formar uma banda, e o trampo vai ser sério. Vou comprar uma guitarra e um amplificador e vamubora." Isso já não funciona tão bem como outrora, o que mais nêgo precisa hoje pra encarar a música a sério (além de um computador conectado) ?
Dary TG:Isso depende do que se quer. É preciso estar preparado para sacrifícios, para disputa de egos, condições precárias de estúdios de ensaio e casas de shows, pelo menos enquanto você está no começo. A disposição é fundamental. Não vai ser fácil, não vai ser mesmo. Ter bons músicos e grandes canções não é suficiente. Sem entender de comunicação,sem saber como usar a internet, esqueça.
Cor Já: Sem sair se atirando em tudo que aparece de novidade ( ou se atirando também) como se produzir/divulgar sem dispersar esforços, saúde e tempo?
TG: O importante é ter foco. Eleger os espaços, os festivais, a cena em que se deseja entrar e concentrar esforços nas metas. Não dá para abraçar tudo. Dividir tarefas entre os integrantes ajuda muito. Um cuida da divulgação, outro vai atrás de shows, um terceiro faz a arte dos cartazes e do site, enfim. Envolver todos os músicos nas atividades extra-banda fortalece o trabalho e a união de todos.
Corja: Ser pop, tem nêgo que torce o nariz e desmerece (justamente quem se faz de roqueiro compra um calça colada, aprende dois acordes e se já acha o cara).Como trabalhar uma música com apelo mais popular no underground/independente?
Terminal: Não sei se a nossa música tem mais ou menos apelo popular. O que existe é música boa e música ruim, como diz Sérgio Martins. De uma coisa eu sei: não temos medo de fazer sucesso, não consideramos um "crime" ter exposição na grande mídia. Se tem uma coisa que acho patética é se sentir o máximo por ser celebrado em um núcleo restrito de adoradores de "losers", como é muito comum no circuito independente. Estamos fora. Fazemos canções para nós mesmos. Os outros gostam? Ótimo. Muitos gostam? Melhor ainda. Quero distância de guetos. Nós somos o que somos e não precisamos mudar um milímetro de nossas convicções para ganhar reconhecimento. Se uma revista de linha editorial superconservadora como a Veja respeita o viés crítico das minhas letras, maravilha. Não adociquei nada. Aliás, é meu recado aos
novos grupos: sejam vocês mesmos. Não tentem ser aceitos: façam com que os aceitem! E, se não os aceitarem, foda-se. Eu não quero ser inglês, sou mais.
acesse http://www.tg.mus.br/
Corja: Ser pop, tem nêgo que torce o nariz e desmerece (justamente quem se faz de roqueiro compra um calça colada, aprende dois acordes e se já acha o cara).Como trabalhar uma música com apelo mais popular no underground/independente?
Terminal: Não sei se a nossa música tem mais ou menos apelo popular. O que existe é música boa e música ruim, como diz Sérgio Martins. De uma coisa eu sei: não temos medo de fazer sucesso, não consideramos um "crime" ter exposição na grande mídia. Se tem uma coisa que acho patética é se sentir o máximo por ser celebrado em um núcleo restrito de adoradores de "losers", como é muito comum no circuito independente. Estamos fora. Fazemos canções para nós mesmos. Os outros gostam? Ótimo. Muitos gostam? Melhor ainda. Quero distância de guetos. Nós somos o que somos e não precisamos mudar um milímetro de nossas convicções para ganhar reconhecimento. Se uma revista de linha editorial superconservadora como a Veja respeita o viés crítico das minhas letras, maravilha. Não adociquei nada. Aliás, é meu recado aos
novos grupos: sejam vocês mesmos. Não tentem ser aceitos: façam com que os aceitem! E, se não os aceitarem, foda-se. Eu não quero ser inglês, sou mais.
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Um comentário:
Quando a coisa passou do disco para o CD de verdade, e da fita para aquela "demo" com capinha, letra, foto, dedicatória e duas mil cópias, em Curitiba e aqui em Porto Alegre, muita gente que tem banda hoje, quando estava... ãããã... "entrando na faculdade", foi no show de bandas que ficaram restritas a quem ouviu falar ou foi apresentado.
Uma, que não é "seminal", mas dá para dizer que foi "uma das primeiras gozadas de Curitiba", é a OAEOZ.
Primeiro ouça a obra. Porque quando se conhece a história dessa turma, não tem como não admirá-los.
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