Dissonâncias, atonalismo, Jovem Guarda, vanguarda eletrônica. Mais uma vez sentei com Marcelo Birck em uma praça (minha primeira entrevista com ele também foi em uma praça, acredito que o Birck curta esse clima de pique-nique) e conversamos sobre os rumos que a carreira deste grande nome do rock gaúcho tomou. Invariavelmente nossas conversas ( não considero mais do que isso, pois entrevista dá um sisudo pra uma coisa que é super descontraída) se estendem muito além do publicável. Curiosidades de fã que acompanha o desenvolvimento de um trabalho desde lá dos longínquos anos 90. Década muito cara a este site. Período fundamental para a formação musical e pessoal deste que escreve. Engraçado porém, é o tom com o qual o Marcelo conversa comigo. Algo do tipo "papinho trivial com amigo de esquina". algo parecido com a conversa que levo contigo agora. Tu quem eu não tenho a menor idéia de quem seja, mas que acredito que possamos compartilhar idéias e ideais.
Parte deste bate-papo virou matéria a ser exibida no programa Radar da TVE-RS, outra parte segue aí. Arranja um espaço e senta aí pelo chão também, e participa desta roda de prosa sob o sol ameno de final de verão em Porto Alegre.
Vanguarda Jovem
Marcelo Birck: O ponto focal do meu trabalho é justamente uma interação com referências que a princípio seriam de conflito com esse material. No inicio dos 80 quando eu comecei a tocar eu tomei contato ,por acaso, com a música de vanguarda do séc. XX e pensei: Como assim? O que esses caras tão fazendo? a minha impressão foi rejeitar, era uma coisa esquisitissíma. Mas eu fiquei tão intrigado com fato das pessoas estarem fazendo aquilo, e eu pensei tá qual é o propósito de se fazer uma música dessas? E eu me interessei em conhecer, e fui indo mais a fundo,buscar coisas diferentes. Atrás dessas informações eu acabei fazendo a faculdade de composição aqui na UFRGS ( Universidade Federal do Rio Grande do Sul), e durante muito tempo foi um grande conflito. Afinal de contas o que é que eu faço? Será que eu faço rock, Jovem Guarda, ou eu faço musica de vanguarda? Até que um dia me deu um "click": eu faço as duas coisas.
E eu acho, pra mim, o grande barato de trabalhar nessas composições é justamente administrar esse paradoxo da coisa culta, refinada, de pesquisa com outra que visa a comunicação direta. Ou seja, seria o meu lado fazedor de hits e um lado pesquisador que se encontram no meu trabalho solo.
Conheça mais do trabalho de Marcelo Birck em: http://marcelobirck.blogspot.com/
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