terça-feira, 26 de junho de 2007

Ta difirci pra nóis que semo próbi

Realmente está difícil pra quem é pobre. Já não bastavam todas as dificuldades que a pobreza inclui excluindo como falta de ensino, atendimento de saúde decente, lazer, alimentação e por aí se vai, ainda tem a questão da concorrência desleal. Pô, virou sacanagem até na ramo da marginalidade os "preibói tão dominando".
-Neguinho capricha no visual: chinelo de dedo; dente faltando ou careado; um boné vai pra rua e perde as melhores oportunidades de roubo pros fio de bacana. Isso é perseguição. Se bem que com preseguiçã nóis é custumado.É persegiçã racial, social e policial o tempo todo, inté quando nóis não faz nada. Os homi sempre vem com aquela história "é uma operação de rotina" ou "nós tivemos uma denúncia e tu te enquadra na descrição". Claro que é rotina eu me enquadrar na descrição de marginal, só tô esperando um dinheiro pra prastifica o meu crachá de marginal. Nosso pessoal trabalha com coisa pequena, qui nem dá pra paga os estudo das criança. Meu sonho era que eles estudasse. Imagina eles um dia lá no prenário, nas assembléia podia ser inté Assembléia de Deus que sê pastor também dá dinheiro. Mas do jeito que tá eles vão é fica por aí mesmo moço, muito triste mesmo. E os fio dos ricos fazendo Direito pra podê fazê as coisa errada.
Encheram a pobre da empregada de cachação na oreia, acharam que ela era prostituta. Pobre das prostituta pobre, qué outra categoria prejudicada pela concorrência desleal.É muito difícil competir com as "garotas de programa" ou "acompanhantes universitárias", principalmente com as bilingues que chupam em duas línguas. O que tem de universidade católica sendo paga com dinheiro de programa... Prás putas de calçada é tapa na oreia, ovada e fumegada de extintor.
-Porém eu confio em uma reação da sociedade. Não é possível que atitudes como a que ocorreu esta semana vigorem em um país de preceitos morais rígidos como o nosso. Que o Iluminismo no qual nos espalhemos pra cimentar os alicerces desta nação, sejam sólidos suficientes pra darmos um basta a esta vergonhosa demonstração de covardia, e total desprezo pela paz em nosso convívio social. Atos como este ferem não só a esta mulher agredida como ao caráter da sociedade brasileira, coltividade esta que é de boa índole e não tolera o uso banalizado da força. Acredito que a classe média e as elites, que muito já desfrutaram do melhor que este país produziu, atendam a este chamado para a luta sem armas pela paz. Pois esta mulher. Esta pobre empregada doméstica, foi barbaramente agredida. E isso eu não posso tolerar! Uma trabalhadora! Uma doméstica! Imaginem-se vocês em tal situação. Eu não consigo me pôr em tal situação. Para mim seria pior que a morte... Imaginem se atacam a minha empregada. A casa ficaria uma bagunça, não sei o que faria com os pestes dos meus filhos. Minha mulher ficaria estressada e gastaria mais ainda o meu dinheiro. Onde encontrar uma empregada de confiança hoje me dia? Imagem se a moda pega, atacar empregadas. Imagem. Imaginem é o caos, é o caos. Definitivamente isso é intolerável. Esses rapazes merecem uma punição exemplar. Pô com tanta gente dormindo na rua, tanto índio por aí, pô... Uma doméstica. Imaginem. Imaginem...

Um comentário:

Aline Leão disse...

Pior foi a desculpa: "pensamos que era uma prostituta". Como se houvesse licença para garotos ricos baterem em prostitutas! Francamente...Abraço Sr. Domício.