O dia 19 de novembro de 2009 vai ficar na memória de muita gente e por muito tempo. Muitos porto-alegrenses e gaúchos de outras regiões tem motivos de sobra pra relembrar esta data. Foi um dia calamitoso, catastrófico e cataclísmico até. Temporal, ciclone, pé-d'água, chuva, ventania, tornado, 2112, fim do mundo e o escambal. Eu particularmente não tenho registro de outro temporal tão ameaçador e de resultados tão catastróficos como esse.
Usei repetidas vezes a menção à catástrofe por que infelizmente neste dia as perdas foram muito além das materiais, no total 7 pessoas perderam a vida em decorrência da tormenta, 3 delas aqui na capital. Caos no trânsito, árvores arrancadas com raiz e tudo, bairros inteiros sem água e sem luz. Mesmo assim, nós malucos queríamos fazer rock. E foi o que fizemos. Dizer que o temporal estragou o show seria de um egoísmo extremo, pois afinal para poucos ou para muitos estávamos lá "flamejando nosso rock, nosso grito, nossa espada foi a guitarra na mão" (parafraseando Raul Seixas). Estávamos lá The Dancing Demons, Freak Brotherz e amigos munidos de cara, coragem e um trago (porque ninguém é de ferro) na Quinta Independente no Dr. Jekyll contra todas as intempéries.
Falando em trago me veio outra história. A origem da palavra cock-tail (rabo de galo em francês) é atribuída ao "estimulo" à coragem que marinheiros e piratas usavam em dias de tempestade em alto-mar. As grandes tormentas que se formavam ao horizonte desenhavam aos céus o que os tripulantes das, não muito seguras, embarcações chamavam de "rabo de galo", e para encará-lo só tomando uma coisinha (rum, conhaque, ou seja lá o que for de careta era que não dava). Pra sair de casa na quinta-feira á noite a situação também pedia um "reforço" na coragem e na vontade. Parabéns e muito obrigado a nossos marujos insolentes, bucaneiros desbocados e piratas de todos os mares contra todos os males que desembarcaram no bar.
Deste dia calamitoso nós que estivemos no Dr Jekyll queremos lembrar que fomos, e somos, pelo rock até debaixo d'água, abaixo de mau tempo. Lembrar que vimos o nascer de uma estrela da música mundial, a estreia arrasadora do Pato. Infelizmente outros terão péssimas lembranças: casas destelhadas, pessoas desabrigadas, amigos ou parentes falecidos. A vida é cheia dessas coisas, assim como em pontos da Av Ipiranga, próximo à Azenha por exemplo, alguns moradores de rua lutavam para não perderem seus poucos pertences na enxurrada, nas proximidades da Av. Lucas de Oliveira uma gurizada tirava onda e surfava no arroio Dilúvio. É o cataclismo já começou ha tempos, com chuva ou sol a pino.
Na sequêcia uma palha da apresentação da Freak Brotherz nesse dia de teste a nossas vocações roqueiras tocando uma música dos Paralamas do Sucesso que diz muito ao momento, e a coisa não muda já se vão vinte anos. Na real já se vão quinhetos anos!
2 comentários:
Nossa, muito legal esse teu texto. Segue escrevendo bem. Bjs
Sigo impulsionado pelos anmigos, pela vontade de falar, pelos sonâmbulos e pelos insones.
obrigado pelo carinho.
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